不完全さ As imperfeições de uma árvore... ou de um Homem.

A árvore é um ser vivo, que por isso cresce e se transforma, e devemos estar atentos a essas mudanças procurando colaborar com ela para melhorá-la constantemente. E deve ser esse o nosso objetivo mais importante no mundo do Bonsai: Melhorar.

As imperfeições ou as más qualidades de uma pequena árvore, que provavelmente nunca lhe permitirá ganhar prêmios importantes, não são características necessariamente negativas. Mas podem representar um estímulo e um compromisso de nossa parte em procurar o seu aprimoramento através de um cultivo cuidadoso, o que certamente o tornará mais interessante. Transformando o defeito numa característica única. Numa virtude ou objeto de destaque.



Cada bonsai tem sua história e seu carácter, e o seu valor não pode ser calculado apenas por considerações técnicas e estéticas, pois o seu caminho se cruzou com o de um ser humano que cuidou dele. E avaliar algo que tem a ver com sentimento é extremamente difícil.

Obviamente isto não pode ser desculpa para o desleixo e a mediocridade. Como disse anteriormente, o nosso objetivo primordial deve ser Melhorar. Daí que devemos cultivar o meio termo, como tudo na vida.

Você pode ter grande satisfação em cuidar de árvores muito simples, que podem ser superiores àquelas que, levadas pelo desejo ou necessidade de possuir sempre o mais belo exemplar, nunca terão uma satisfação serena. Vejo estes exemplos em muitos bonsaistas. A sua árvore favorita não é a mais "apreciada" pelos restantes, mas a que tem um elo emocional muito mais forte com o artista.

Muitas vezes ouço entre as pessoas que devemos deixar as árvores crescer, seguir o seu caminho, seguir um estilo naturalista. É sem dúvida um belo discurso. Mas as palavras e a retórica não é tudo no Bonsai. Se o resultado for medíocre, terá sido a abordagem correta? Será defeito da árvore, ou do Bonsaista, que não sabe/quer efetuar o trabalho bem feito?

Muitas vezes ouço dizer que as regras do bonsai não deveriam ser seguidas, são apenas diretrizes. Mas não serão estas regras observações lógicas do que acontece na natureza? Acho lógico que deveríamos perseguir o que é obvio, estudar as regras de quem ao longo dos séculos se deu ao trabalho de observar como é que funcionavam as árvores. E nunca deixar-nos seduzir pela preguiça de aprender. E me pergunto, será uma imperfeição da árvore, ou imperfeição do bonsaista? Aplicar o melhor possível as regras, ou ser desleixado e preguiçoso?

Muitas vezes não temos ideia do que devemos fazer com uma árvore, e dizemos para connosco: Deixa  a árvore seguir o seu caminho. No final, vamos obtendo um resultado pobre. Será defeito da árvore ou do bonsaista por falta de coragem e de arrojo? 

Quantos exemplos vejo de árvores, que passado 5-10-15 anos, continuam frágeis, sem evolução, sem saúde, sem forma. E pergunto aos seus proprietários, que tal o cultivo? Aplicas fitossanitários? Qual é o desenho que tens programado para elas? E eles respondem com evasivas. Será que as árvores tem imperfeições, ou serão todas nossas?

Muitas vezes sofro destes problemas. Eu próprio o confesso. Vejo árvores que ao longo de 2-4 anos não evoluem. E fico preocupado. Porque sei que a culpa não é das árvores. Se as suas imperfeições não vão sendo corrigidas, é porque há mais uma imperfeição. E essa imperfeição é minha.




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