Estética em Bonsai- O Equilíbrio (1)

O equilíbrio é um dos princípios estéticos mais elementares em qualquer obra de arte, e como é obvio, em Bonsai não pode ser subestimado. Este se integra com outros conceitos estéticos como o movimento, o ritmo, a unidade… etc etc.

Para tal, devemos definir o equilíbrio visual. Este nos indica como é que os diferentes elementos que constituem uma obra de arte, sejam linhas, formas, cores, texturas e estructuras, se relacionam entre si para conseguir uma determinada harmonia visual, comparando pesos visuais entre as diferentes zonas da obra, como se de uma balança se tratasse.


Já a própria palavra nos indica que equilíbrio define um estado de estabilidade e repouso, e isso implica artisticamente a simetria e o dinamismo. O equilíbrio tem um poderoso efeito emotivo, criando a sensação de repouso ou tensão quando apreciamos uma árvore. Também afecta a sua estática ou dinamismo.

Uma maneira de entender o equilíbrio é através da perceção da “gravidade física” numa peça de 3 dimensões, como uma Escultura ou um Bonsai. Se a escultura nos dá a sensação que se vai cair, ou até uma das suas partes, vamos indicar claramente que está desequilibrada. Contudo, se a obra for muito simétrica e compacta, nos dará uma sensação de estabilidade, firmeza, sem movimento e possível aborrecimento.

Tipos de Equilíbrio

Existem diversas formas para conseguir o equilíbrio nas forma artísticas. Contudo, em Bonsai, apenas 2 são relevantes.

  • Simétrico.
  • Assimétrico.

Equilíbrio Simétrico

No equilíbrio simétrico, ambas partes da árvore são similares. Se desenhamos uma linha imaginária que divida a árvore na vertical (pode ser na horizontal ou diagonal, mas na vertical é o 99% dos casos) veremos que as partes que ficam divididas tem características similares e com um peso visual muito semelhante. Digamos que este tipo de imagem é semelhante ao reflexo de um espelho.

Este tipo de equilíbrio dá a sensação de estabilidade, ordem, formalidade e calma. È por isso que é muito utilizado na arquitetura, especialmente edifícios governamentais, colégios, bibliotecas. Na arte temos milhares de exemplos de equilíbrio. Posso colocar uma obra muito conhecida e bastante simétrica: A última ceia de Da Vinci.


Leonardo Da Vinci usa na sua composição o equilíbrio simétrico sobre um eixo vertical utilizando a perspetiva central, realçando assim a importância da figura central, Jesus Cristo. As restantes figuras tem formas diferentes, mas são o mesmo número em ambos lados, fazendo assim com que os pesos visuais sejam muito parecidos. Outro elemento estabilizador é a mesa, fazendo de eixo horizontal, que esteticamente dá a sensação de estabilidade.

Em Bonsai, o equilíbrio simétrico também é visto em muitas árvores. Especialmente em estilos como o Chokkan e Hokidashi:


A simetria é visualmente agradável a nível subconsciente, parecendo organizada e harmoniosa. Contudo, pode ser um pouco estática, dado o seu caracter estável. É por isso que muita gente acha enfadonho e demasiado previsível este tipo de equilíbrio, mas sem dúvida tem passado o teste do tempo e vemos ainda muitas árvores simétricas em exposições. Se um dos objetivos do Bonsai é transmitir uma sensação de calma e serenidade, com árvores simétricas o vamos conseguir sem sombra de dúvida.

Equilíbrio Assimétrico

O equilíbrio assimétrico planeia uma distribuição dos elementos de uma árvore cujo tronco não tem simetria, mas encontra o balance através da suma dos seus pesos visuais. Os elementos estão distribuídos de uma maneira desigual pela árvore, criando movimento ao olho do espectador pela árvore, mas sem dar a sensação de desequilíbrio. 

O equilíbrio assimétrico é um pouco mais difícil de conseguir que o equilíbrio simétrico, já que cada elemento tem o seu peso visual em relação dos outros, e este peso individual é bastante subjetivo, e a soma de todos estes elementos afecta o equilíbrio de toda a composição.

Este equilíbrio pode manifestar-se em vários elementos pequenos num lado da composição, equilibrados por outro grande do lado contrário. Pela distância de um elemento que está mais longe do centro da composição, ou com uma forma mais escura ou rugosa. Mais em diante veremos todas estas características como podem influir no equilíbrio.

Vou mostrar alguns exemplos de árvores. São exemplos simples, mas fáceis de entender um equilíbrio assimétrico.



Como podeis observar, os distintos elementos de ambos os lados são semelhantes em volume e quantidade. As linhas foram aplicadas desde o centro do nebari até o centro do ápice. Ambas as árvores parecem bastante equilibradas, embora nenhum dos lados pareça o reflexo do outro.

Sendo assim, o equilíbrio assimétrico é menos formal e mais dinâmico que o simétrico. Pode parecer mais espontâneo, mas requer de uma planificação mais cuidadosa. E dentro deste tipo de equilíbrio vamos procurar o equilíbrio dinâmico, uma das formas mais procuradas em arte. Mas isso ficará para outro artigo.



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