Bétula Pubescens - 2 anos e meio Depois

Sendo o primeiro registo desta árvore no diário, vou dedicar um pouco mais de tempo a narrar a sua história. Daqui a uns anos terei a satisfação de reler estas breves linhas enquanto aprecio a beleza intrínseca desta bétula.

Os seus inícios remontam ao dia 25 de Abril de 2018 quando encontrei esta bétula na berma de uma estrada de terra, vítima de algum golpe de veículo todo-terreno. A parte superior da mesma estava em mau estado. Mas a parte inferior , embora solta, estava quase intacta. Eu, como bonsaista, consegui ver um bonsai naquele triste despojo. Potencial, não muito. Mas podia ter algum futuro digno.

2 meses depois dava claros sinais de vida.


Dado que teve um crescimento vigoroso, optei por corrigir um pouco o ângulo de plantação e recortar algumas raízes desproporcionadas. Admito que possa ter sido prematura esta intervenção. Mas não me pareceu que tivesse sofrido muito com a mesma. 

Na primavera de 2019 tive um problema sério: um ataque de fungos. Basicamente as folhas caiam quase todas depois de ganharem alguns pontos de cor negra. Era uma infestação veloz, o que me causou um certo desespero. Usei todo tipo de produtos para poder combater esta infestação. Mas os resultados não foram animadores.


No 9 de Novembro de 2019, ainda que apreensivo, iniciei a sua estilização. num dos Ateliers do Bonsai Clube do Porto, e com a companhia de Márcio Merujo, do Kensho Bonsai Studio. Concordamos em estilizá-la num estilo Chorão (que é muito característico desta espécie, e estava nos meus planos iniciais)

Mais de 2 horas de trabalho e a árvore ficou com esta aparência. Algo bastante humilde, mas que me dava alegria de ver. A nossa amiga já se fez ao caminho.


No inico de 2020 voltaram a aparecer as manchas. Rapidamente passei à pesquisa de alguma solução. Segundo algumas pessoas, a doença teria de ser a Gloeosporium betularum ou a Marssonina betulae. Ambos fungos muito comuns entre bétulas. Pesquisei então os  fungicidas mais eficazes para atacar este flagelo. Inclinei-me mais para a Marssonina betulae, e o fungicida mais promissor era o fosetil-al, um fungicida sistémico. A primeira aplicação reduziu o contágio entre folhas, mas o problema persistia. Optei por algo mais forte, Aplicações semanais e numa delas incluí o fungicida na rega da planta.

Com este procedimento consegui salvar a árvore. Nunca mais tive problemas. Vejam o estado de saúde da mesma em Julho:


 

Tal foi o estado de saúde desta bétula que conseguiu manter as suas folhas até fim de Dezembro. Altura que optei por re-estilizar. O estilo chorão é de facto muito bonito, mas tem o inconveniente de termos sempre que arranjar a ramificação. Quando esta cresce, opta por subir (típico das árvores) O que estraga o desenho. Durante primavera aplico pequenos pesos nas extremidades dos ramos para ter algo mais natural. Mas claro que nem sempre fica 100%

Para além disso, o tronco tinha algo desagradável, uma linha muito recta, que podeis apreciar na foto de 2019. Neste caso optei por artilheira pesada: Um esticador. Lentamente fui curvando o tronco até ser mais agradável à vista. Efectuei a poda e aramagem /(mais de 3 horas) até conseguir o resultado da fotografia. A diferença é notável num ano.



Deixei 2 ramos de sacrifício (o primeiro ramo da direita , e outro que sai direito pelo ápice) O primeiro ajudará a corrigir o nebari, e até quem sabe se poderá ajudar a fechar o ferimento frontal (enquanto segura o esticador)  

A segunda rama irá engrossar o tronco até criar uma conicidade mais proporcionada. 

Próximo passo: Transplante. Já leva 2 anos aqui e quero trabalhar o nebari. Próximo ano temos mais informações.

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