ESPINHEIRO - PRIMEIRAS INTERVENÇÕES

Esta árvore veio para a minha colecção no ano 2018, graças a um Yamadori efetuado a meio de Fevereiro. Esteve em repouso durante todo o ano de 2018 e obteve um bom crescimento e recuperação.


Contudo, cabe referir que na hora do yamadori, sedento de obter o maior número de espécimes, não fiz caso do nebari (raizes que ficam expostas), e que era uma autêntica desgraça.

Honestamente, devemos ter mais precaução na hora de escolher as nossas árvores, pois viverão com muitos defeitos até a hora de algum de nós morrer (ou a árvore ou eu) No meu caso não foi propriamente por falta de habilidade, mas sim por avidez. Admito aqui o meu pecado!

Optei por efetuar a primeira intervenção dado o vigor da mesma. Sabia que tinha muito trabalho pela frente e não queria perder tempo. Comecei por escolher um desenho para futuro. É o primeiro que temos de fazer, escolher o caminho a seguir.  Retirei o excesso de ramas e aramei-as. Dando-lhe  uma forma mais desejável para o meu projeto. Finalmente, retirei o excesso de madeira morta.

Já que os espinheiros são árvores que desenvolvem raízes em pleno inverno, optei por também efetuar o transplante no fim de Janeiro. Isto fez-me recordar o pesadelo que tinha pela frente.

Não satisfeito com o que me era apresentado, optei pela intervenção mais radical: Criar um novo Nebari. Era uma lástima, pois a árvore tinha criado muitas raízes novas. Mas nos dias de hoje não estou com paninhos quentes. Se há algo que não está ao meu agrado, eu atiro-me ao trabalho para fazer melhor.

Descorticei a árvore na zona onde desejava novas raízes. Apliquei pó enraizante, musgo e um novo substrato.

O primeiro ano foi um desastre. Pensei seriamente que tinha assassinado mais uma árvore. Tinha utilizado uma má mistura para esta espécie que não ajudaria à criação das novas raízes. Para além disso,  optei por fazer uma experiência de novos substratos. Na minha zona, Santa Maria da Feira, consigo cortiça granulada. Sempre tive a ilusão de que poderia ser matéria orgânica de difícil decomposição. Nada mais longe da realidade. A cortiça não aguentou nem 2 anos. Desfez-se rapidamente, e por conseguinte nunca mais será usada.

Contudo, o ano de 2020 foi bom para a árvore. E diverti-me a ramificar um pouco. Para além disso, este espinheiro ofereceu-me flores e frutos em abundância. Esqueci-me de tirar uma fotografia. Contudo fica o registo antes do transplante.


Chegada a época de transplantar de 2021, decidi ver como estava a correr o trabalho de raízes. E sem dúvida não foi nada mau. vejam com os vossos olhos:


Sabendo que o resultado tinha sido satisfatório, ainda que com más técnicas, optei por continuar o processo da construção do novo Nebari. Removi grande parte das raízes mais profundas e fiquei apenas com as superficiais. Removi novamente a casca onde não nasceram raízes e novamente apliquei pó enraizante.



Finalmente, fiz uma gaiola à volta do tronco para manter mais húmida a região. E apliquei mais akadama à mistura do que na vez anterior. Com isto, conto ter mais mais sucesso no momento do enraizamento. Deixei 3 ramas de sacrifício na parte mais baixa do tronco par obter raízes mais grossas.




Sobre a ramificação. Deixei as ramas que estão devidamente posicionadas, mas sem me preocupar por elas. Só me interessa que cresçam. A ramificação neste momento é secundária. O que me interessa é a construção do Nebari.

Finalizo este artigo com a ideia que tenho para este projeto. Acredito que fique bem. Agradeço os vossos comentários.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estética em Bonsai- O Equilíbrio (1)

Arte, Tradição e Espiritualidade dentro do Bonsai.

Amieiro (Alnus Glutinosa) Evolução de um ano e 8 meses.